Alhambra, fundado em 1981 pela mezzo-soprano americana Isabelle Ganz, é um ensemble sediado em Nova York e especializado no repertório sefardita (judaico-espanhol). Até à data, todos os registos editados pelos Alhambra são dedicados à música tradicional sefardita: “The Art of Judeo-Spanish Song” (1988, Global Village Music), “The Joy of Judeo-Spanish Song” (1995, Aulos/Koch/Schwann), “Alhambra Performs Judeo-Spanish Songs” (1997, Global Village Music) e “Tres Clavinas: Judeo-Spanish Songs of Love, Courtship And Holidays” (2019, Centaur Records).
Na cultura judaica peninsular, o acervo sefardita inclui canções para acompanhar cada celebração da vida, desde a aurora ao crepúsculo (o nascimento, o namoro, o noivado, o casamento...). Canções de embalar, de amor, de desilusão ou humorísticas, bem como relatos da vida quotidiana ou epopeias enchiam de prazer festas familiares, casamentos, ou outras celebrações. Numa aliança primordial, a palavra, a música e a dança aliavam-se nas romarias e em festividades, onde jograis e trovadores, cantadeiras e soldadeiras conviviam e partilhavam a alegria e a tristeza, afetos e conflitos, semelhanças e diferenças, ao som de adufes, violas de arco, saltérios, guitarras, sonalhas…
Depois da diáspora, o repertório que conhecemos como música sefardita, com mais de 500 anos de sobrevivência no exílio, chegou até aos nossos dias por transmissão oral. Isso aconteceu, sobretudo, graças, ao empenho das mulheres que, durante séculos, entoaram essas canções quando realizavam as tarefas domésticas, se ocupavam das crianças, preparavam as festas ou consolavam a dor.
Variadíssimos grupos de diversos locais se têm debruçado sobre os tesouros da música sefardita. Usando estilos vocais e instrumentais autênticos, o ensemble Alhambra apresenta nos seus registos temas da tradição judaico-espanhola da Espanha, dos Balcãs e de países do Médio Oriente e do Norte da África, recolhidos por Isabelle Ganz no Centro de Pesquisa de Música Judaica da Universidade Hebraica de Jerusalém e no Sephardic Home for Aged em Brooklyn (Nova York), bem como por vários etnomusicólogos em Israel e nos EUA.
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