Saturday, December 26, 2020

Malandança (Galiza) - “Mya Senhor Velida: Medieval Lais & Cantigas from France & Spain” (2018 Brilliant Classics)

 O grupo Malandança, especializado na música medieval, foi fundado na Galiza (Espanha), em 2000, a partir da proposta de Francisco Luengo, o diretor da banda, que decidiu contactar vários músicos que conhecia para fazer um concerto de música medieval, sem saber se essa iniciativa teria ou não continuação.


Constituídos por seis elementos, os Malandança cantam, contam e tocam guitarra mourisca, cítola, harpa, violas e várias percussões. As réplicas que utilizam foram construídas sobretudo por Luengo, a partir dos instrumentos representados no Pórtico da Glória da Catedral de Santiago de Compostela (século XII) e das esculturas da Sé capitular do Pazo de Xelmírez (século XIII), à exceção da guitarra mourisca, que foi feita a partir de uma das miniaturas presentes no Códice b. 1.2, do mosteiro do Escorial.

Em 2001, os Malandança editaram o disco Unha noite na corte do Rei Alfonso (Clave Records), gravado na Igreja de Santa Maria de Viceso (Galiza), no qual constam sete Cantigas de Santa Maria. Fazendo parte de uma coleção de 426 obras dedicadas à Virgem, estas cantigas foram escritas em galaico-português na segunda metade do século XIII, por volta de 1250-80, sob a direção do então rei de Castela, Afonso X, o Sábio (1221-1284). 

Em 2018, os Malandança editaram Mya Senhor Velida: Medieval Lais & Cantigas from France & Spain (Brilliant Classics), gravado na Igreja de San Fins de Brión (Corunha). Nele constam mais três Cantigas de Santa Maria (200, 421 e 340), mas também duas longas “lais”, originárias da França medieval. Em comum, o facto de partilharem a nova ideia que surge na poesia trovadoresca: o amor cortês; amor que abraça o profano e o divino, o carnal e o místico. Se no carnal há uma senhora nobre que causa sofrimento ao poeta, no místico exalta-se a Virgem Maria. Completa o disco uma antífona do Ofertório, cantada na festa de Maria Mediatrix. Este papel de mediadora é, aos olhos medievais, a principal função da Virgem Maria.”