Sunday, September 21, 2008

Morreu Hector Zazou

O acontecimento que marcou o o fim do Verão foi, infelizmente, o desaparecimento do extraordinário músico, compositor e produtor francês Hector Zazou. Nascido em Sidi bel Abbès, na Argélia, faleceu a 8 de Setembro em Paris, aos 60 anos, após prolongada doença.

Citado pelo jornal espanhol El País, o director da revista francesa Actuel sentenciou: «Na Inglaterra têm Peter Gabriel, nos Estados Unidos David Byrne e em França temos Hector Zazou.» Com efeito, conhecido pela sua obra multifacetada e inovadora, Zazou esteve ligado à música clássica, electrónica, pop e world music e foi um pioneiro na fusão de músicas de diferentes géneros e origens geográficas, aparentemente inconciliáveis.

Ao longo dos anos, Zazou construiu uma carreira invejável, tendo trabalhado com nomes como Laurie Anderson, Björk, Brian Eno, Peter Gabriel, John Cale, Suzanne Veja, Sussan Deyhim, David Sylvian, Lisa Germano e Ryuchi Sakamoto, entre outros. Por outro lado, soube rodear-se de alguns dos melhores intérpretes das músicas tradicionais e embrenhar-se sabiamente no mundo das polifonias corsas, das vozes búlgaras, das canções dos mares gélidos, da música celta ou das sonoridades africanas...



Na criteriosa série belga Made to Measure, da Crammed Discs, Hector Zazou revelou-se uma figura emblemática, editando autênticos manuais com música para ouvir e ver. Parar em Reivax au Bongo, passar por Géographies ou Géologies, viajar em Sahara Blue, ou mergulhar nas Chansons des Mers Froides constituem experiências musicais fascinantes, sem as quais ficaríamos mais pobres. Gravado no início deste ano, In The House of Mirrors, a editar em 06 de Outubro, será o 11.º registo de Zazou para a Crammed, obra póstuma gravada com músicos indianos, uzbeques e hispânicos.

Como muito bem sintetizou o nosso querido amigo António Silva (fixwhatusee.blogspot.com), com quem partilhámos a mesma paixão pela música de Hector Zazou, nos tempos mais prolíficos da RUC, o músico francês está obrigatoriamente numa bem pensada lista dos melhores discos que nunca ouviu, e figura no palco das memórias dos melhores concertos de sempre, que provavelmente não terá visto.