O Centro Cultural de Belém está Fora de Si com uma riquíssima programação dedicada ao Verão. Focada na transculturalidade e na diversidade da criação artística nas suas múltiplas expressões, procura destacar o papel fundamental das grandes cidades dos países em vias de desenvolvimento na criação das novas redes de disseminação da cultura. A grande mobilidade entre os continentes, fruto do esbatimento das fronteiras, os movimentos de emigração e o incremento das correntes de informação são alguns dos factores que contribuem para a aproximação das várias culturas.
Programa
1 de Agosto, Sábado
22h00 - SUSHEELA RAMAN (Índia) / PRAÇA MUSEU
Entrada Livre
Depois de ter encantado no Teatro Aveirense em 2003, Susheela Raman regressa a Portugal, para colocar Lisboa fora de si.
Filha de pais indianos, Susheela nasceu em 1973 em Londres mas, ainda em criança, emigrou para a Austrália. Em 1995 ruma à Índia para estudar canto e música clássica indiana com Shruti Sadolikar. Regressa a Inglaterra, em 1997, onde conhece o músico e produtor Sam Mills, com quem se lança na aventura de fundir a música clássica do sul da Índia com a pop, o folk, o reggae e o jazz. Surge, assim, “Salt Rain”, o seu primeiro registo, editado em 2001, que lhe valeu uma nomeação para o Mercury Prize e o prémio"World Music Revelação" da BBC Rádio 3. Dois anos mais tarde, surge “Love Trap”, onde mistura a música popular indiana com o flamenco, o afro-beat e o canto bifónico de Tuva. Nos seus dois últimos álbuns, “Music for Crocodiles” e “33 1/3”, Susheela Raman utiliza todas as influências da música pop, não perdendo, contudo, o balanço dos blues e da musicalidade dos instrumentos e da cultura indiana.
http://www.susheelaraman.com
8 de Agosto, Sábado
22h00 - YUNGCHEN LHAMO (Tibete) / PRAÇA MUSEU
Entrada Livre
O Budismo do Tibete sustenta como ideal supremo o desejo de trazer benefícios a todos os seres vivos. Todos os pensamentos e todos os actos são motivados por esse desejo. As canções budistas são cantadas como uma oferenda e, por isso, quem as interpretar com alma pode sentir as bênçãos e ser inspirado pela sua intenção. Foi o que aconteceu a Yungchen Lhamo, cujo nome significa deusa da canção, atribuído por um Budista lama, quando ainda bebé.
Nascida e criada no Tibete, desde muito cedo Yungchen Lhamo teve uma esmerada educação, orientada pela mãe, tia e avó para a espiritualidade e para um perfeito desempenho da voz. Aos 25 anos, Yungchen deslocava-se do Tibete à Índia, caminhando pelos Montes Himalaias, numa viagem perigosa, para encontrar sua santidade o Dalai Lama e receber a sua bênção.
O poder e a pureza da voz de Yungchen Lhamo dão alma à sua devoção espiritual, como pudemos constatar pela audição de “Tibet Tibet” (1996) e de “Coming Home” (1998), os dois primeiros registos gravados para a Real World. Em “Ama” (2006), o terceiro álbum para a etiqueta britânica, Yungchen Lhamo procura novas vias para fazer passar a sua mensagem de resistência pacifista à ocupação chinesa do Tibete e enceta o diálogo com músicos ocidentais, experimentando equações que não desvirtuam a tradição tibetana, ao mesmo tempo que lhe conferem colorações mais vivas e acessíveis.
http://www.yungchenlhamo.com/discography.html
22 de Agosto, Sábado
22h00 - ETRAN FINATAWA (Níger) / PRAÇA MUSEU
Entrada Livre
O Níger é um país do Oeste de África, situado a sul da Argélia e a Norte da Nigéria. Possui uma herança cultural riquíssima, sobretudo por ter sido uma região servida, durante milhares de anos, pelas travessias das caravanas dos árabes do Norte de África e pelas influências das tradições sub-saharianas, nomeadamente dos povos nómadas Tuaregs e Woodabe.
O grupo Etran Finatawa, que significa “as estrelas da Tradição”, é um digno representante da música que se faz no Níger. Combinando sabiamente as culturas dos Tuaregs e dos Woodabe, sem lhes retirar o carácter essencial de cada uma delas, os Etran Finatawa escolheram o seu próprio caminho, à semelhança do que fizeram os vizinhos malianos Tinariwen. Nos seus álbuns editados até à data, “Introducing Etran Finatawa” (2006 World Music Network) e “Desert Crossroads” (2008 Riverboat) misturam instrumentos tradicionais com guitarras eléctricas, fundem cantos polifónicos das tribos nómadas com arranjos modernos e casam canções curativas e ritmos das caminhadas dos camelos do Sahara com repertórios urbanos. Depois de, em 2007, terem brilhado no FMM de Sines, eis uma excelente oportunidade para (re)vermos as fascinantes paisagens exóticas do Sahara.
http://www.etranfinatawa.com
29 de Agosto, Sábado
21h00 - SEUN KUTI (Nigéria) / GRANDE AUDITÓRIO
Preço 5€
O músico nigeriano Seun Kuti, que também já esteve no Festival de Músicas do Mundo (Sines), é o filho mais novo de Fela Kuti, o mestre do afro-beat. Depois de ter editado o registo "Many Things" (2008, Disorient Records), Seun regressa a Portugal com a banda Egypt 80, para encerrar o CCB Fora de si.
Seun Kuti (de nome completo Oluseun Anikulapo Kuti) herdou do seu pai a música por ele criada nos anos sessenta, o afro-beat, uma fusão entre o jazz, o funk e os ritmos africanos. Tal como o pai, Seun também acredita no papel interventivo da música politizada e com mensagem. As suas canções revelam uma preocupação pelas graves questões políticas e sociais que afectam a África, mas nem por isso perdem a energia e a alegria que caracterizam o afro-beat.
Adornadas por saxofones, percussões, acordes de guitarra e coros femininos, as canções de protesto de Seun dançam nos nossos ouvidos como um funk majestoso e um groove em crescendo. Para encerrar o Fora de si, nada melhor que uma festa contínua disposta a incendiar almas e corpos no CCB.
http://www.myspace.com/seunkuti
Mais informações:
www.letstartafire.com
www.myspace.com/raquellains